sexta-feira, 29 de abril de 2011

Ver o que há muito além do arco-íris.

Eu sou declaradamente a favor dos gays. Sou a favor da liberdade do ser, do querer, do amar.
Afinal, quem deseja ser rejeitado por ser quem é? Mas, confesso, já fui muito preconceituosa e ignorante.
Fui criada numa família extremamente homofóbica e eu tinha um verdadeiro pavor de "pegar" essa "doença".
Mas, os filhos nos libertam, se a gente se dispuser a aprender com eles um mundo novo.
Minha filha tinha montes de amigos gays e eu não sabia. Um dia, com dificuldade de me contar que era fumante (como eu, aliás) recorreu aos amigos que decidiram "me chocar" antes e assim diminuir o impacto do golpe que ela - acreditavam eles - ia receber (sempre disse, hipocritamente, que a faria engolir o cigarro se a apanhasse fumando, num típico comportamento "faça o que digo, não faça o que faço", que é a maior idiotice desse mundo).
Jamais tive prova tão inconteste de amizade.
Tive, naquele momento, duas escolhas: ou rejeitava aquelas pessoas e me fechava na certeza que homossexualidade é "doença" ou ia ver como é que pessoas que eu considerava "erradas" se expunham assim por outra.
Meu bom senso prevaleceu, graças a Deus, e eu me aproximei deles todos, acolhi na minha casa e ouvi tudo e de tudo, procurei aconselhar, mas sobretudo ouvi.
Todos, sem exceções, queriam ser ouvidos. Queriam que um adulto dissesse a eles que eles não eram "monstros" ou - como um pastor fez questão de dizer a um deles - tinham "vinte e sete demônios no corpo".
Procurei mostrar a eles todos que o caráter define a pessoa e não o gênero dos namorados ou namoradas. Procurei mostrar que a sociedade pode empurrar você para a marginalidade, se a pessoa não tiver muito cuidado com a própria cabeça, com a própria auto-estima, e isso não acontecia só com os gays, ams com qualquer um que se deixasse afundar num lamaçal de idéias impostas por uma sociedade muito hipocrita, que ri dos gays e dos negros, que arrasa os gordos, os "diferentes". Nessa sociedade plástica de Barbies e Kens (nada contra os dois) qualquer coisa que não seja isso, será empurrado para o fundo do poço do ostracismo e tratados como párias.
Sou feliz em dizer que esses meninos não se perderam. Não por minha causa, mas por seus próprios caráteres, por sua própria escolha.
Eles não me devem nada, mas eu devo muito a eles. Por causa deles minha cabeça se abriu e eu pude ver o que há muito além do arco-íris.